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VIDA


21/04/2005 - Eu e Beco acordamos com um telefonema de Grazi porque ela tinha acordado com dor de dente, marcamos para encontrá-la no consultório dele. Decidimos, então tomar café na rua... De manhã não consigo fazer nada antes de tomar café, mas nesse dia depois q tomei café me senti estranha... Já no consultorio comecei a sentir os olhos pesados, calafrios... Saimos de lá e fomos para a casa de Nilma, pois este é o dia do aniversário de Paulinho e lá teria um almoço. Mas quando cheguei lá já estava pelando em febre, com muito frio e fiquei quietinha deitada no quarto... Nilma achou melhor me dar um tylenol, pois poderia ser dengue. Passei o dia todo com febre de 40º e não baixava com o remédio. A noite então Beco me levou para o Hospital São Rafael, onde fui atendida na emergência por uma médica que disse tratar-se de uma virose. Voltamos então para casa...

Vim morar em SSA em 17/04/2003 e desde então morei na casa de Vilas, casa de praia dos pais de Beco... Não estava satisfeita morando lá, pois queria ter minha casa, minhas coisas...

Lá, ao lado da nossa casa, havia uma casa um pouco abandonada, pois o dono faleceu e não cuidavam direito e por isso havia uma piscina que nunca era limpa e várias outras coisas que proliferavam as larvas do mosquito da dengue...

22/04/2005 - Muito contrariada não fui trabalhar, mas eu realmente não tinha condições, a febre não baixava, meu corpo doia... Beco saiu para trabalhar e Nêga ficou comigo... A noite quando beco chegou ele ficou muito preocupado pois eu estava muito, muito quente, a febre não cedia e eu me sentia muito mal... Lá fomos nós para a emergência do São Rafael, fui atendida por duas médicas maravilhosas que fizeram uma bateria de exames e disseram que provavelmente tratava-se de dengue. Beco achou melhor me levar para a casa da mãe dele.

23/04/2005 - Saí do hospital de manhã e fui para a casa de Nilma, liguei para minha mãe pois nessa altura estava muito, muito mal, muita febre, muita dor no corpo e a médica disse que se eu tivesse algum outro sintoma eu deveria ser internada... Minha mãe ficou tensa querendo vir logo para SSA, mas disse que não era necessário... Neste dia de tarde vomitei, mas achei que era por causa dos remédios...

24/04/2005 - Não aguentava mais ficar lá na casa de Nilma, nada me agradava me sentia incomodada, agoniada, com dor, queria minha cama, minha mãe... Nilma estava mto preocupada e disse a Beco que se eu sentisse qualquer coisa para ele me levar para o hospital de novo. E foi isso que aconteceu: na noite de domingo dei entrada no Hospital São Rafael na emergência cirúrgica pois eu sentia muita dor na região abdominal. Beco ligou para minha mãe que veio correndo para SSA.

25/04/2005 - A partir desse dia não consigo me lembrar muito do que aconteceu... Só sei que meu caso indicava cirurgia, mas os médicos estavam em dúvidas pois poderia ser algo causado pela dengue... Graças ao bom trabalho da equipe médica do hospital São Rafael eu não fui submetida a nehuma cirurgia... E graças a minha mãe que não aceitou ir embora quando acabou o horário de visitas e disse que havia algo estranho comigo foi que o médico verificou que eu realmente não estava respirando bem pois estava com derrame na pleura... Neste dia a noite eu fui para a terapia semi intensiva (UTI)

A dengue que eu tive foi tipo 3 (como dizem os médicos) eu tive um grave problema no fígado, uma hepatite, onde meu TGO foi a 4200 (o normal é 36) e meu pulmão foi tomado por água.

Não lembro como as coisas seguiram, só sei que meu pai também chegou em SSA e na sexta-feira, ainda na semi-intensiva Alê e Ret chegaram também. As vistias eram revezadas entre meu pai, minha mãe, Beco, Ret e Alê... Nenhum deles me falava sobre a gravidade do meu estado... mas o meu estado era MUITO GRAVE, pois se o fígado não voltasse a funcionar eu teria que entrar na fila do transplante... Mas a evolução é muito rápida e os médicos lutavam para que as taxas do fígado voltassem ao normal e eu mesmo sem saber lutava para viver...

Passei uma semana na UTI semi-intensiva e mais 20 dias no hospital.

Fui infectada por uma bactéria hospitalar e ainda tive que ficar sob observação tomando um antibiotico intra-venoso que causava flebite nas veias.

Eu estava muito debilitada e triste pois queria ir para a casa, mas estava feliz por ter Beco e minha mãe ao meu lado todo o tempo além de todas as outras pessoas que mandavam mensagens de carinho, telefonemas, correntes de oração que me fizeram estar aqui hoje para contar essa história.

Foi um grande sofrimento, uma grande lição de vida e de amor...

E hoje resolvi escrever este post movida por duas reportagens que vi na TV: O Brasil contra a dengue e a doação de orgãos de Eloah brutalmente assassinada.

Quero mostrar também que devemos dar valor a nossa vida e que devemos cuidar de todos a nossa volta, por isso vamos cuidar para não proliferar o mosquito da dengue... tem gente que brinca com isso, tem gente que não leva a sério, mas eu digo e sei que a dengue PODE MATAR e por isso devemos tomar todo o cuidado possível.
Quanto a doação de orgãos, vamos ser solidários e pensar que uma vida que se vai pode salvar outras tantas...

Dia 20/05 sempre penso que estou comemorando um segundo aniversário pois foi no dia 20/05/2005 que recebi alta do hospital. Ainda tive que lutar muito, pois devido a bactéria hospitalar sai do hospital sem andar, pois o nervo ciático foi atingido e fez com que meu dedos do pé direito ficassem em garras... Graças aos maravilhosos fisioterapeutas da clínica CAHF eu voltei a andar normalmente e no dia 01/07/2005 voltei a trabalhar.

Com tudo isso que aconteceu tive uma queda de cabelos o que me levou a uma forte depressão porque foi com a queda dos cabelos que me dei conta da minha queda, mas isso só me ajudou a ver como a vida é valiosa...

Quando saí do hospital realizei meu sonho de morar num ap com meu então marido, meu pai voltou a ser como antes, falando comigo todos os domingos, pude contar com a ajuda ESSENCIAL da minha mãe e depois por 15 dias pude contar com a ajuda do meu pai, que veio para SSA para me ajudar!

Nisso tudo só tenho a agradecer a Deus por ter me dado a chance de continuar aqui, a minha mãe por ter demonstrado seu amor incondicional, a meu pai por ter mostrado que o amor supera "raivas", a Beco que apesar de não ser mais meu marido, foi, é, e sempre será uma pessoa importante que esteve a meu lado incondicionalmente neste momento tão dificil, a Alê e Ret que vieram aqui para me dar alegria durante um periodo terrível que é estar numa UTI...
E a todos que rezaram por mim, que pensaram em mim, que ligavam para mim...
Graças a essa corrente de orações pensamentos positivos que Deus me deu essa oportunidade...

VAMOS VIVER A VIDA!!! SER FELIZ E SAUDAVEL É O QUE MAIS IMPORTA!! A VIDA É BOA DEMAIS!!

Comentários

Anônimo disse…
Lindo texto!
Com certeza vc renasceu! E rezamos mto por isso!
Força sempre! Vc ainda tem mto pra viver!
E vamos combater a dengue e dizer SIm à doação de órgãos e de sangue tb!!! Não custa ajudar!!!
Bjs!
Alê disse…
Eu vi tudo isso.Página virada!
E vc está prestes a entrar numa vida nova.... DE NOVO!
Ainda bem que o NOVO sempre chega,né?
Tô contigo na doação de órgãos e no combate a dengue.Tenho pavor desse mosquito desde que presenciei o q vc viveu.
E não precisa agradecer,viu!Eu estaria ao seu lado em qualquer lugar, em qualquer condição!
Beijo
: )
Unknown disse…
Patrícia , só soube do que aconteceu com vc bem depois e vc já estava bem graças a Deus e a todos que estiveram do seu lado em um momento tão delicado .As vezes, as coisas acontecem com a gente e só depois de muito tempo entendemos porque passamos por tal situação . Talvez , dentre outros motivos , vc tenha passado por tudo o que passou pra estar aqui hoje, falando com a gente sobre o valor da nossa vida . Vida que muitas vezes deixamos passar sem nos darmos conta de que é valiosa pra nós e pra quem nos ama .O que vc passou chegou até mim e hoje tomo muito mais cuidado com a dengue depois de saber o que vc passou .Não sei se vc sabe, mas passei por um momento tb muito difícil de saúde, muito grave tb e sei do que vc fala. Sei , hoje o valor da minha vida e das pessoas que amo.Ainda hoje sofro com as sequelas do que passei fisicas e emocionais mas fica muito mais fácil realmente quando o amor está ao nosso lado . E , pegando emprestado uma frase de Caio F. Abreu
"então , que seja doce . Repito todas as manhãs ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias , bem assim:que seja doce!"
Patrícia , que seja doce a nossa vida . bjs e um abraço apertado e carinhoso.
Patricia Ramos disse…
Amiga,
Quis muuuuito, mas não pude ir te ver quando estava no hospital. Mas rezei demais por você. Mesmo acreditando no quanto você é guerreira, sabíamos que precisaria de uma força a mais. Que, graças à Deus, se apresentou! Obrigada por ter resistido. Mesmo de longe SEMPRE penso muito em você. Minha amiga de verdade!

ESCRITO por minha amiga Pamela Perez

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